Política dos 5 R’s

Política 5 R's

A crescente evolução da quantidade de produtos disponíveis no mercado tem conduzido a um aumento significativo da produção de resíduos, que tem levado a inúmeros debates sobre a sustentabilidade deste sistema – que, para dizer a verdade, não existe.

Como uma primeira medida para se combater este problema, foi criado o modelo de atuação dos 3 R’s: Reduzir, Reutilizar, Reciclar, conhecido praticamente por toda a gente.

Apesar do modelo estar correto, o movimento Zero Waste (Desperdício Zero) começa com outro “R”: Recursar; e acrescenta outro no final do processo: Compostagem (em inglês: “Rot”).

Para dizer a verdade, para mim o “recusar” e o “compostar” sempre estiverem presentes no modelo dos 3 R’s  – para reduzir, temos também que aprender a recusar; e a reciclagem aplica-se a todos os resíduos que produzo, não apenas ao papel, vidro ou plástico.

No entanto, percebo que isto não seja tão visível ou percetível à primeira vista. Talvez por isso se tenha sentido necessidade de incluir, de forma clara, estes dois R’s adicionais no modelo base, dando assim lugar à Política dos 5 R’s, que deve ser implementada exatamente pela ordem em que é apresentada:

  1. Recusar (Refuse)

Dizer não. Recusar. Não aceitar coisas de que não necessitamos. Quando começamos a adotar um estilo de vida mais consciente, uma das primeiras coisas que temos que aprender é a saber recusar. Não importa termos atenção às compras que fazemos ou ao lixo que produzimos em casa se aceitamos tudo o que nos dão na rua ou nos estabelecimentos comerciais sem nos questionarmos da sua real utilidade.

Por isso, aprendam a dizer não: digam não às coisas gratuitas e às “pechinchas”; digam não a produtos embalados em plástico; digam não aos produtos descartáveis; digam não a tudo o que vos tentam “vender” mas que não faz sentido na vossa vida.

Não é fácil alterarmos os nossos comportamentos de um dia para o outro, mas importa começarmos por algum lado. Só com esta simples mudança de atitude, podemos reduzir de forma significativa a quantidade de lixo que produzimos diariamente.

  1. Reduzir (Reduce)

Depois de recusarmos tudo o que não nos faz falta, devemos tentar reduzir o nosso consumo.

Já pararam para pensar na quantidade de coisas que possivelmente têm em casa e que nunca (ou quase) nunca utilizaram? As compras por impulso são um dos nossos maiores inimigos e a maior parte das vezes, a sensação de novidade perde-se mesmo logo ao chegar a casa. Depois, passa a ser mais uma coisa que temos e que não tem qualquer significado para nós.

Em Portugal, cada pessoa produz em média cerca de 440kg de resíduos por ano. Apesar deste número ter diminuído cerca de 50% entre 2011 e 2016, a percentagem de lixo que vai diretamente para os aterros ainda é considerável: cerca de 30%. Dos restantes, 22% são incinerados e apenas 27% são reciclados. Não fosse isto já de si preocupante, todo o lixo plástico que vai parar aos aterros não desaparece, ficando durante milhares de anos a libertar gases tóxicos para a atmosfera.

Qual é a palavra de ordem então? Reduzir!

  1. Reutilizar (Reuse)

Quanto maior for o número de vezes que uma coisa for reutilizada, mais tempo levará a entrar no circuito normal do lixo. Desta forma, otimiza-se a sua utilização e tira-se um maior proveito da matéria-prima, energia e água gastas durante os processos de produção.

Este ponto vai mais além do que a simples reutilização de coisas: pressupõe que escolhemos arranjar em vez de deitar fora, e que compramos coisas resistentes e que com maior duração, muitas vezes em detrimento de outras mais fracas, mais baratas (ou mais na moda).

Para quem gosta de projetos manuais, está agora muito em voga o “upcycling”, que não é mais que aproveitar algo sem valor comercial e que provavelmente seria descartado e transformá-­lo em algo diferente, com um novo uso ou propósito, sem passar pelos processos transformadores químicos e físicos da reciclagem. É reutilizar um material que se tornaria lixo, aproveitando algumas das suas propriedades originais.

Existem imensos exemplos espalhados pela internet, o que nos faz perceber que, muitas vezes, não é preciso ter “jeito”, só faz falta mesmo um bocadinho de criatividade.

  1. Reciclar (Recycle)

A reciclagem aparece aqui em quarto lugar, pois só devemos reciclar alguma coisa se não a conseguirmos primeiro recusar, reduzir ou reutilizar.

Não preciso de entrar em detalhes pois todos sabemos as regras mas, se tiverem que adquirir produtos novos, escolham vidro, metal ou carvão. O plástico é de evitar a todo o custo.

  1. Fazer Compostagem (Rot)

Mais de 50% do lixo orgânico que produzimos vai parar diretamente aos aterros. Pode parecer uma coisa natural, já que estamos a falar de matéria orgânica como restos de comida (por ex. cascas), folhas ou aparas de jardim, mas na verdade este tipo de práticas são muito prejudiciais para o ambiente. Quando o lixo orgânico vai parar aos aterros, o processo de compostagem apresenta condições favoráveis à formação de gás metano, que gera 25 vezes mais efeito de estufa do que o dióxido de carbono.

A compostagem recicla a matéria orgânica permitindo que seja reintroduzida no solo como fertilizante de alta qualidade, melhorando a estrutura natural do solo e funcionando como um adubo natural.

Por isso, resíduos orgânicos no lixo normal, nunca.

 

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