Plástico: o bom, o mau ou o vilão?

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O plástico, esse infame vilão, é um dos protagonistas mais falados dos meios de comunicação digitais durante o mês de julho. Por todo o mundo, organizações, empresas e cidadãos aderem ao movimento Plastic Free July e tentam viver um mês sem usar este material. Missão impossível? Longe disso.

Mas afinal, para quê tanto alarido à volta do plástico?

O Início

Pode não parecer, mas o plástico é uma invenção relativamente recente. O primeiro plástico sintético foi produzido no início do século XX e foi só a partir de 1920 que registou um desenvolvimento mais acelerado.

Há mais de 100 anos, quando foi inventado, o plástico foi aclamado como algo surpreendente e revolucionário e, a verdade, é que permitiu de forma inegável fazermos avanços notáveis ao nível da tecnologia e da indústria. Mas, hoje em dia, é considerado um dos maiores problemas do planeta. Porquê?

Já lá vamos. Antes, um pouco mais de contexto: o plástico é produzido através da utilização das resinas derivadas do petróleo. O nome, que tem origem grega, quer literalmente dizer “aquilo que pode ser moldado”.

Naturalmente, uma das suas grandes vantagens, é esta fácil transformação mediante o emprego de calor e pressão. Serviu e serve de matéria prima à maioria dos objetos que utilizamos diariamente, desde o computador  ao telemóvel, às fibras da nossa roupa, às embalagens dos nossos alimentos ou aos nossos sacos, bijutarias e sapatos.

Sem o plástico, a maior parte dos desenvolvimentos tecnológicos que conhecemos não seriam possíveis. No entanto, não deixa de ser desolador (e um tanto ou quanto irónico) que esta matéria-prima, de que tanto dependemos, esteja a destruir o planeta.

A Era do Descartável

O problema não é, nem nunca foi, o plástico em si. O problema é a utilização que nós damos ao plástico, aquilo que fazemos com ele. Plástico passou a ser sinónimo de descartável, de facilidade e de comodismo.

Estima-se que desde 1950 tenham sido produzidas mais de 6 mil milhões de toneladas de plástico, das quais apenas 20% foram recicladas ou incineradas. Isto significa que cerca de 80% de todo o plástico já produzido (4,8 mil milhões de toneladas) continua algures por aqui.

E este plástico, que pode demorar centenas de anos a decompor-se, vai-se dividindo em partes cada vez mais pequenas com o passar do tempo, até formar os chamados microplásticos. Estas partículas nunca desaparecem, apenas chegam a um tamanho tão pequeno que já não são visíveis a olho nu.

Estes microplásticos são considerados um atentando ambiental, estão literalmente em todo o lado e até já entraram na nossa cadeia alimentar. E se isto não é assustador, não sei o que seja.

Estima-se que até 2050 exista mais plástico que peixes no oceano. E entretanto, em vez de pensarmos em soluções integradas para combater este problema, continuamos a consumir 1 milhão de garrafas de plástico por minuto em todo o mundo.

Não, o problema não é o plástico. O plástico não é o vilão. Nós somos os vilões. E somos também os agentes da mudança.

Sabiam que uma simples colher de plástico usa matérias-primas que estão na Terra há milhões de anos e que estamos a desperdiçar? Vejam este vídeo e no final respondam à pergunta que vos é feita. Dá que pensar.

A mudança

A única forma de combatermos este problema é através da mudança. A primeira de todas começa em nós, nos nossos hábitos de consumo. Deixar o descartável e voltar a fazer as coisas como no tempo dos nossos avós. Viver com menos desperdício.

Os governos também desempenham aqui um papel fundamental e cada vez mais são apresentadas propostas e aprovadas leis no sentido de reduzir a utilização de plásticos descartáveis e de aumentar as taxas de reciclagem deste material. Também a Comissão Europeia definiu 2030 como data limite para acabar com as embalagens de plástico descartáveis na União Europeia, apostando em plástico reciclável e reutilizável e limitando o uso de microplásticos.

A mudança faz-se aos poucos, mas com vontade. Para algumas dicas sobre como podemos viver uma vida com menos desperdício e, consequentemente, com menos plástico, podem aceder aqui ao E-book Dicas Sem Desperdício, que elaborei no final do ano passado.

E desse lado? Que mudanças já implementam nas vossas vidas para reduzirem a utilização do plástico?

 

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0 thoughts on “Plástico: o bom, o mau ou o vilão?

  1. Elisa says:

    Obrigada pelo texto! Eu vivo em África e a cultura do plástico está longe de ter fim por estes lados. O plástico não só é leve mas também barato, o que é muito pratico para países de grandes taxas de desemprego e escassez de meios de transporte. Diariamente vejo praias cheias de plástico que embora sejam limpas diariamente, o lixo não é separado nem reciclado.
    Eu tento aplicar o R de recusar o mais que posso: recusar palhinha quando peço uma bebida, recusar talheres quando peço take away e recusar sacos de plástico quando vou ao mercado ou super. E o mais importante é explicar o porquê da minha recusa.
    No entanto fico triste ver que nos países desenvolvidos onde o acesso à informação/educação é muito maior que aqui, que as pessoas ainda se sentem reticentes a adoptar as medidas de redução de lixo e principalmente plástico… No entanto pessoas como você e outros bloggers fazem a diferença. Obrigada por estarem desse lado.

    • Leila Teixeira says:

      Olá Elisa! 🙂 Muito obrigada pelo comentário e pelo testemunho! Acredito que nos países em desenvolvimento este problema seja ainda maior devido, sobretudo, à falta de conhecimento. Mas entristece-me profundamente a realidade que vivemos por cá, onde sabemos mas continuamos a ignorar…
      Eu vou tentando fazer a minha parte e esperar que isso ajude os outros a fazer a sua 🙂

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